O caçador e os cachorrinhos.

Quando eu era criança e morava na fazenda com meu pai, ele me contava histórias de como alguns homens em épocas antigas moravam solitariamente no meio do mato, devido a sua grande pobreza. Eles e suas famílias viviam da terra, tendo muito pouco contato com a civilização. Eu me lembro do meu velho pai que sempre dizia da dificuldade desses homens para sobreviver em detrimento às facilidades que temos hoje. Principalmente para comer e se locomover. Uma viagem que duraria algumas horas de carro, levava semanas no lombo do cavalo, o único meio de transporte que possuíam.

Eu ficava pensando naquelas histórias, e um dia intrigada perguntei: —Papai, eles não tinham medo de morrer devorados pelas onças?

Então ele me explicou que sim. Por isso todo homem que se prestava a viver desta forma precisa ter no mínimo de 3 a 4 cachorrinhos”.

Ele explicava que eles eram peça fundamental para achar e caçar este poderoso felino. Dizia também que onças tem pavor de cachorrinhos.

Isso porque em primeiro lugar eles farejavam com precisão a sua localização, por mais bem escondida que esta estivesse.

Em segundo lugar, cachorrinhos de médio a pequeno porte são extremamente ágeis, rápidos e tem um latido em uma frequência sonora que deixam a onça atordoada e extremamente irritada, a ponto de perder a noção da sua situação.

Apesar de pequenos, cachorrinhos são destemidos e latem todos ao mesmo tempo, acoando a presa, e tirando sua atenção do verdadeiro perigo: o caçador.

Ora ou outra a onça consegue atingir um ou outro cachorrinho, mas enquanto isso os outros pulam em cima dela mordendo seu couro e puxando seu rabo deixando-a totalmente desnorteada e desesperada.

É nesse momento que o caçador dá o tiro certeiro abatendo a presa.

Mas porque eu expliquei tudo isso?

Para que você possa refletir sobre as duas passagens que Jesus explicou:

“Apanhai-nos as raposas, as raposinhas, que fazem mal as vinhas, pois as nossas vinhas estão em flor”.( Cantares 2:15 )

Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?” ( Mateus 16:26 )

“Esse vosso orgulho não é bom. Não sabeis que um pouco de fermento faz com que toda a massa fique fermentada?” ( I Coríntios 5:6-8)

São três versículos diferentes e sobre situações diferentes que podem exemplificar a mesma coisa.

Estes versículos mostram que são as coisas pequenas, pequenos hábitos e “pecados inofensivos” ou andar no limite das coisas lícitas que poem tudo a perder.

As raposinhas, o fermento e os cuidados da vida são uma representação da figura dos cachorrinhos. A palavra nos mostra nitidamente que as pequenas coisas que vamos aconchegando e compactuado dentro de nós, vão tirando a nossa atenção, e nos atordoando de forma que tiramos os olhos do verdadeiro perigo… o tiro certeiro de satanás!!

Entenda, satanás e um astuto e experiente caçador. Ele tem milhares de cachorrinhos para te enganar e tirar o seu foco, levando você a cometer pecados que podem te destruir. Assim como cachorrinhos são excelentes farejadores, o inimigo sabe onde jaz as suas dificuldades e fraquezas também.

O diabo não nos mostra as consequências e a destruição do destino final daqueles que estão em engano, mas ilude com a falsa sensação de segurança.

Ele é mestre persuadir, cegar e atordoar com os seus ardis, que sutilmente (ou não) vamos aceitando no nosso caminhar. São curvas no caminho que no por fim nos levam a um destino muito diferente daquele que Deus havia planejado para nossa vida.

Alguns passam tanto tempo distraídos com “cachorrinhos” e fazem tantos atalhos e curvas jamais traçados no mapa de Deus, que acabam se perdendo para sempre. Tanto nesta vida quanto a salvação.

Outros são ainda piores… amam os cachorrinhos e sentem- se extremante confortáveis em sua companhia, mesmo sabendo que são ardis do inimigo. Cachorrinhos por vezes parecem lindos e amigáveis e não arreganham seus dentes aqueles que os aceitam. Esses indivíduos insistem em afaga-los amigavelmente, criando laços, comprometimento, apego e amor com seus enganos. Justificam seus atos com belos discursos de auto comiseração e vitimismo, sempre terceirizando sua culpa e contando com uma misericórdia absoluta e utópica de Deus, para que Ele compactue com os seus pecados e problemas de caráter.

Precisamos entender e ter a humildade que ainda que sejamos poderosos como a onça e mesmo que os cachorrinhos não possam nos destruir, eles também não podem ser negligenciados pois existe um caçador logo ao lado que anseia pela nossa queda e morte.

Jesus ensinava e falava constantemente sobre os ardis do inimigo. Muito mais do que ouvimos e pregamos hoje em nossos púlpitos!! Ele falava de forma aberta e real sobre pecado, diabo e inferno, não de forma figurativa como nossa sociedade e até algumas igrejas tem disseminado.

Não ignoremos jamais as astutas ciladas do nosso real inimigo. Que o nosso coração seja sempre sincero e humilde para com o Senhor, e que sejamos tratáveis de toda perversidade que ainda temos em nossas almas.

O nosso espírito está pronto mas não se esqueça que a nossa alma precisa de tratamento TODOS OS DIAS. Não se esqueça também que temos astúcia e poder no Espírito Santo para nos livrar e blindar de todo latido e cachorrinho. Jesus nos fez livres para sermos tratados e nos arrependermos de tudo aquilo que nos tira do verdadeiro caminho que Ele tem para nos.

Creia no poder da autoridade, mas também creia no poder do arrependimento. Creia na misericórdia de Deus mas também creia na maldade do diabo.

Não permita que nada nem ninguém te desvie do caminho e da perfeita vontade de Deus. Vigie com as pequenas coisas, e elimine os “cachorrinhos” na sua vida.

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