Entre no barquinho.

“E aconteceu que, num determinado dia, Jesus estava próximo ao lago de Genesaré, e uma multidão o espremia de todos os lados para ouvir a Palavra de Deus.

Ele observou junto à beira do lago dois barcos, deixados ali pelos pescadores, que havendo desembarcado, cuidavam de lavar suas redes.

Então, entrou num dos barcos, o que pertencia a Simão, e lhe solicitou que o afastasse um pouco da praia. E, assentando-se, do barco ensinava o povo. ( Lucas 5:1-3 )

Jesus estava ensinando ao povo perto do lago. Ele já havia se revelado como o Salvador, já havia curado e expulsado demônios. Sua fama havia se espalhado e Seu Nome já era conhecido. Devido a estes fatos, muitas pessoas estavam ali para conhecê-lo, ouvi-lo, e também para receberem um milagres.

Onde Jesus estava sempre havia uma multidão de pessoas para ouvi-lo ou receber alguma benção. A maioria chegava por curiosidade querendo ver se Ele realmente era o messias, ou buscavam soluções imediatistas sem uma verdadeira transformação espiritual.

Em um dado momento, enquanto ele falava a multidão o apertou de todos os lados a ponto dele ter que entrar em um barco, se afastar da praia para não sofrer nenhum dano físico e para conseguir se fazer ouvir pelas pessoas.

Essa passagem é muito interessante porque nos revela algumas coisas que também acontecem frequentemente hoje conosco.

Todos nós temos uma voz de influência e a capacidade de ensinar algo para alguém. Por menor ou insignificante que nos pareça, e ainda que não pratiquemos, essa capacidade está em nós. Foi Deus quem nos criou assim!

E quando nos dispomos a usar dos nossos dons para ajudar as pessoas, consequentemente àqueles que necessitam de ajuda se achegam a nós.

Quantas vezes alguém precisou de um conselho, de algo que você tenha a habilidade para realizar, ou até mesmo, apenas o aconchego de um ombro amigo para consolar alguém que estava mal, sofrendo?

Aposto que foram inúmeras as vezes que você já foi solicitado por algo que saiba desenvolver bem.

Mas um fato interessante, é que a maior parte das pessoas não estão interessadas em uma transformação real, que mude suas vidas de forma definitiva. Elas estão mais preocupadas em sanar aquela necessidade momentânea o mais rápido possível.

A multidão, no caso, podem ser pessoas ou situações que todos nós temos no nosso dia a dia. Que “requerem” soluções mágicas com o mínimo de esforço para gerar um alívio imediato, mas sem realmente resolver o problema. As vezes são pessoas próximas, a quem amamos, com necessidades e demandas urgentes, mas que raramente querem mudar de vida para seu próprio benefício.

A multidão não é má. Ela simplesmente não quer pagar o preço da mudança de vida, e devemos respeita-lá em suas escolhas (isso quando nos referimos a pessoas).

Porém ainda assim, multidão aperta, espreme para conseguir ter suas necessidades supridas. Ao ponto de sufocar, desgastar e por fim, abafar a voz de quem a ajuda. E depois, ela vai embora com o alívio imediato, sem soluções definitivas.

Podemos exemplificar, como alguém que sofre de úlceras mas ao invés de se alimentar adequadamente, fazer um tratamento e evitar o estresse- escolhe apenas tomar remédio para dor e segue doente.

E o ponto a ser abordado é que esse tipo de coisa sempre irá existir. São pessoas e situações que não estão em nosso poder mudar- não depende de nós, nem da nossa boa vontade- simplesmente são o que são! Nem mesmo Jesus podia mudá-los, porque Deus deu o livre arbítrio a todo ser humano e juntamente com ele, o poder e a responsabilidade de fazer algo por si mesmo.

Mas o que pode mudar é a nossa atitude mediante esse panorama. Foi o que Jesus fez.

Leia novamente os versículos e veja que Ele amava a multidão. Ele dava seu tempo para ensinar e curar, ainda que as pessoas não almejassem uma real transformação. Mas chegou um momento que ela começou a aperta-ló a ponto Dele ter que se distanciar.

Seja sincero, quantas vezes na vida nos oferecemos gratuitamente a ajudar alguém, que deseja apenas uma válvula de escape para lhe gerar alívio, mas não deseja uma transformação genuína, e quanto mais ajudada é, mais exige, mais sufoca e “aperta”?

Quantas vezes sentimos a sensação de nos doar tanto a ponto de nos desgastarmos fisicamente ou emocionalmente (ou ambos), talvez até financeiramente tentando suprir a necessidade de alguém? E por fim nos sentimos lesados, ressentidos, irritados e frustrados, com os outros e com nós mesmos por termos deixado a situação chegar a tal ponto.

Por isso amados, o que quero ministrar ao seu coração hoje é: faça como Jesus, ENTRE NO BARCO e afaste-se!!

Não, as pessoas não irão gostar. Isso porque elas temem perder suas “preciosas muletas”, quem resolva tudo para elas (ou seja, você).

E sim, você irá ficar tentado a pensar que está agindo mal ao se afastar ou até mesmo que ninguém mais pode resolver aquele problema além de ti. Mas isso não é verdade. Isto é somente o ego humano desesperado por aceitação e a necessidade de se sentir “desejado, importante”. Porém isto é uma prisão demoníaca e perigosa para você e para aqueles que recebem a ajuda, pois enquanto tiverem seus problemas resolvidos para eles, jamais farão o menor esforço para crescer e se tornarem independentes, donos de sua própria vida.

Saiba que você é LIVRE em Cristo Jesus e tem respaldo na Palavra para ajudar essas pessoas ou resolver essas situações em uma zona de segurança (Gálatas 5:1).

O próprio mestre precisou se afastar para ser ouvido. Enquanto ele estava no meio do povo, sendo esmagado, sabia que se permanecesse ali, em meio a agitação do povo, Ele seria apertado ao ponto de ninguém mais o escutar.

Não permita que as necessidades alheias calem a sua voz e tragam dano para sua vida. Não se aborreça nem se ressinta com aqueles que não querem mudar, mas ame com sabedoria e imponha limites.

A Palavra nos ensina que o verdadeiro amor se alegra com a verdade ( 1Co 13:6 ). Por isso, quem ama verdadeiramente fala a verdade. E as vezes, “falar” a verdade será estabelecer alguns limites!

Aquilo que não pode ser mudado, pode e deve ser amado, mas com a liberdade que Deus nos dá de não se envolver intimamente. Isso porque Ele não quer que nos carreguemos um fardo que não é nosso e que nos trará prejuízo. Nem mesmo o próprio Jesus nos imputou tal peso ( Mateus 11:28-30 ).

E por fim, lembre-se que a mesma liberdade para entrar no barco de amor e descanso, também existe para que você não faça parte da multidão.

Existe uma graça para soltar as muletas nas quais você se apoia. Creia e tome posse disso. é o que Deus espera de nós. Que sejamos dependentes somente Dele e de sua graça e amor abundantes.

Em 2Co 12:9 a Palavra diz: “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. Essa foi a resposta do Senhor mediante ao apóstolo Paulo, quando ele orou pedindo a Deus que o livrasse de seu sofrimento. Esta resposta serve para nós ainda hoje. Aleluia, que promessa tremenda!!!

Esqueça o benefício imediato, Jesus é muito mais que isso. Ele quer mudar a sua vida de uma vez por todas. Mergulhe na verdadeira transformação que a Palavra pode realizar na sua história.

Tenha sua própria experiência com Deus ao invés de sufocar quem te ajuda. Escute, pondere, se esforce. Abrace a mudança.

Ao invés de ser multidão seja quem entra no barco, e ajude a outros. Deus espera de nós que cresçamos saudáveis em sua graça e amor, ao invés de sermos eternas crianças dependentes de alguém para resolver nossa vida por nós.

Exercite a Palavra descrita pelo apóstolo Paulo em Gálatas 5:1 e seja liberto de todo peso, condenação, amargura, ressentimento e ingratidão em nome de Jesus!!!

“Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a um jugo de escravidão.”

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